A divulgação da 17ª carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 (ISE B3) trouxe dados que indicam um bem-vindo aumento do engajamento das empresas brasileiras listadas com a agenda ESG (ambiental, social e de governança). O número de companhias na carteira passou de 40 no ano passado para 46 nesta edição e a quantidade de setores pulou de 15 para 27. De acordo com a B3, juntas, as companhias somam R$ 1,74 trilhão em valor de mercado, 38,26% do total do valor das companhias com ações negociadas na B3, com base no fechamento de 30 de dezembro de 2021. Ou seja, ainda há muito o que evoluir.

Mesmo o número recorde de participantes precisa ser avaliado de maneira mais criteriosa. Em meados do ano passado, a instituição mudou a metodologia do ISE justamente para torná-lo mais atrativo às companhias. Reduziram o preço da inscrição, simplificaram o questionário, adequaram as perguntas considerando o setor de atuação da empresa, adotaram o scoring CDP-Clima para avaliação da dimensão ‘mudança do clima’ e incorporaram a nota de risco reputacional calculada pelo RepRisk. Os números do balanço deste ano comprovam que a estratégia funcionou.

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O ponto alto do Índice, porém, é outro. As informações extraídas das respostas que as companhias deram no questionário de submissão indicam uma preocupação crescente com aspectos de governança, diversidade e meio ambiente. Alguns pontos de destaque:

  • 99% das empresas indicaram que oferecem a seus funcionários mecanismos formais, independentes e de fácil acesso para denúncias relacionadas a casos de assédio moral, sexual, racismo, homofobia, transfobia e outras formas de preconceito contra grupos minorizados, incluindo funcionários próprios e terceirizados.
  • 93% das empresas indicaram possuir uma área, instância ou pessoa responsável por garantir a implementação de ações de promoção e valorização da diversidade.

Com relação à pauta de diversidade nos conselhos de administração:

— 78% das empresas possuem ao menos uma mulher como membro titular em seus conselhos.

— 11% das empresas possuem ao menos um negro como membro titular em seus conselhos.

— 4% das empresas possuem pelo menos um representante LGBTQIA+ como membro titular em seus conselhos.

  • 99% das empresas indicaram que dispõem de política corporativa que inclua o tema relacionamento com a comunidade local.
  • 96% das empresas indicaram como um de seus compromissos com o desenvolvimento sustentável o combate à mudança do clima e seus impactos.

Aqui há outro ponto a ser observado, para o questionário ainda vale a resposta autodeclarada. Para declarações mais assertivas de que a agenda ESG está de fato evoluindo no Brasil é imperativo que as ações sejam validadas por empresas imparciais, com critérios que possam ser comparáveis ao menos entre empresas do mesmo setor. Essa governança das boas práticas ainda é uma área cinza que se converte em problemas — como regras para concessão de crédito — no Brasil e no exterior.

Fazem parte da 17ª carteira as seguintes empresas: AES Brasil Energia, Americanas S.A., Ambipar, Arezzo, Azul, Bradesco, Banco do Brasil, BTG, Braskem, BRF, CCR, Cemig, Cia Brasileira de Distribuição, Cielo, Copel, Cosan, CPFL, Duratex, Ecorodovias, EDP, Engie, Fleury, Iochpe Maxion, Itaú Unibanco, Itausa, Klabin, Light, Lojas Renner, M Dias Branco, Magazine Luiza, Minerva, Movida, MRV, Natura, Neoenergia, Raia Drogasil, Rumo, Santander, Simpar, Sul America, Suzano, Telefônica, Tim, Via Varejo, Vibra e Weg.